Em Junho as festas começam no lago Atitlán e percorrem todas as povoações. Todos os fins-de-semana os foguetes animavam as estrelas do lago. Era sábado e a festa saía pela manhã.
O cristianismo e a promessa de um mundo novo expandiu-se por toda a América Central mas os rituais dedicados aos fenómenos naturais e aos astros ainda coexistem. A cultura maia esconde-se nas montanhas, os rituais realizam-se longe dos olhos curiosos. Em dia de festa católica, em honra ao padroeiro San Juan, todos os santos saíam à rua e a procissão esfumava incenso por todas as ruas da povoação. Nos andores os santos tinham rostos escuros e o padre seguia em ritmo lento sobre sombra. Todos traziam a roupa de festa, vestidos de trajes tradicionais coloridos bem aprumados e elegantes. Os cânticos católicos habituais em qualquer parte do mundo impunham ritmo ao passo. Entre as comuns manifestações religiosas, também seguiam grupos de homens e crianças mascarados. Trajes de linhas soltas com cores vermelhas, verdes, amarelas, misturadas com espelhos e plumas. Na face máscaras rústicas de madeira, de feições um quanto rudes. Nas suas mãos, machados, catanas ou paus de combate. Uma tradição pré-hispânica com danças tradicionais. A passo com a procissão chegavam à praça central e em pleno adro da igreja a dança animava a festa. Uma dança alegórica representativa de pequenas batalhas entre comunidades, onde se identifica hierarquias e onde os senhores da festa se sentavam num plano altivo.
A dança alongava-se pela tarde e os curiosos mergulhavam entre risos e danças com os mascarados. Algumas crianças assustadas afastavam-se da praça principal. A festa estendia-se pelas ruas de San Juan com carrosséis, pequenos concertos, rolotes de comida e doces. O jeito simples e pesado dos velhos nas ruas espelhavam um corpo sofrido. As traquinices das crianças eram tímidas. Uma pequena povoação vestida das mais velhas tradições.
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