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Ser portuguesa no mundo

Maio 17, 2016

Em viagem todos ou quase todos são patriotas. Umas das primeiras senão a primeira pergunta que recebe um viajante é incontornávelmente “De onde vens?”. Encho-me de orgulho e respondo com um sorriso “sou portuguesa”. E não há ninguém por estes lados que não me receba com alegria ou que me diga “Ah! Sim, Cristiano Ronaldo” ou “adorei Portugal!”. E como se abrisse uma porta, todos me recebem em sua casa, me dão um abraço sincero ou me falam dos bons momentos que passaram em Portugal.

Na Guatemala, o Oli falava-me das saudades das ameijoas e do peixe fresco que comia nas verões que passava com os seus pais no Algarve. No México, a amiga do Jorge contava-me dos quantos quilos que ganhou quando esteve por Lisboa e Sintra. Em San Cristobal de las Casas, um casal de franceses preferia as aldeias do norte de Portugal.

Tanto guatemaltecos, como mexicanos, me falam de Cristiano. Muitos preferem Messi por ser argentino, por ter o dom nos pés mas reconhecem Cristiano como um jovem de valor, que trabalha muito quando joga. Para muitos é a única referência que têm de Portugal. E quando encontro surfistas pelo caminho, aí a referência recai sobre Nazaré. Garret Mcnamara sem dúvida colocou Portugal no mundo. Independentemente do conhecimento, todos me recebem bem, convidam-me para sentar à mesa, para dançar e beber um trago de run. Foi assim, em Mérida, com uma família que fazia um piquenique junto a um cenote. Na cidade da Guatemala, com a Pamela que me levou com amigos pelos pubs. Em Antígua com o Willy que me preparou o café da sua quinta e um verdadeiro pequeno-almoço guatemalteco. Em Mérida, com o o Jorge que me levou ao aniversário de uma amiga e a uma verdadeira noite de salsa. Estive com guatemaltecos e mexicanos com a mesma referência etária e… todos partilhamos os mesmos sonhos de vida e com conhecimentos globais. O mundo é na realidade uma aldeia pequena com muitas semelhanças.

No entanto, nem todos os viajantes têm este patriotismo na camisola que vestem. Conheci ingleses, como o Oli que preferia desviar-se dos seus compatriotas quando entrava num bar ou o Henry que preferia dizer que era italiano (onde vive há 9 anos). Não se reviam como ingleses enquanto viajantes e comentavam que os locais alteravam o seu comportamento quando conheciam a sua nacionalidade. Melanie, uma viajante argentina falava-me do mesmo.

E quando encontramos algum português, quando alguém fala português, rasgo um largo sorriso. Há poucos viajantes portugueses e quando se encontra uma agulha no palheiro é como de repente encontrasse alguém da minha família. Foi assim com a família Fonseca, com o Narciso, com o Pedro, com o João. Poucos. Contam-se pelos dedos nestes dois meses de viagem.

Sou portuguesa de corpo e alma. Sei bem das minhas raízes e de quanto as tenho entranhadas em mim. E viajar faz-me sentir ainda mais portuguesa de coração.

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