Chegava a Guatemala com a noite. A noite não é amiga dos visitantes e muito menos uma grande capital. 2,5 milhões de habitantes e com certeza gente pouco amigável pela hora da noite. Assim, também deveria sentir-se Pedro Alvarado quando entrava pela cidade a pensar na conquista de um povo. Estava no ano 1523 quando chegou à cidade da Guatemala com muitas incertezas e com muita sede de triunfar e dominar o povo guatemalteco. E assim foi em pouco tempo tomou conta da cidade…
A minha história era outra. Entrava pela noite, a cidade dormia profundamente e o taxista não encontrava o local onde iria hospedar-me. Ao fim de uma hora e quando já eram quase 3 da madrugada, quando o galo já cantava chegava a casa da Pamela. Abria-me a porta com um sorriso terrivelmente simpático. Não a conquistava, sim ela que me deixava rendida.
Pelo dia seguinte, a cena se repetia-se. Em pleno centro histórico, poucos passos de entrar na zona 1, numa rua cheia de gente às compras havia sempre alguém aproximar-se para falar, dizer olá, sem qualquer pretensão. Evi, uma italiana a viver à algum tempo na Cidade da Guatemala, mostrava-me e levava-me aos locais que procurava. Referiu-me meia dúzia de locais a visitar e realçava em jeito de remate final: “Sabes, o que mais me encanta na Guatemala é o povo”.
A meio da tarde e a caminho do palácio nacional é a vez de Pepe. Algumas palavras de conversa afiada, algumas histórias do seu país e dali me acompanha na visita guiada ao palácio real. Não é um guatemalteco comum pela imensidão de conhecimentos que ia acompanhando com o guia do palácio. A sua meia idade e as mil e uma história de viajante descortinava o meu receio de viajante.
O palácio nacional é um dos símbolos mais importantes do país, em plena praça maior onde se encontra uma grande bandeira hasteada. Depois de várias tentativas da sua construção foi com o Presidente Ubico que finalmente p palácio abriu portas em 1944. A arquitectura deste edifício é muito interessante especialmente porque o número preferido do presidente se repete em toda a sua construção. Cinco torres, cinco janelas e por aí adiante. Para além disso, todas as suas pinturas mostram a presença do império espanhol sobre a cultura maia. Incrível, a história de um país que sofreu com os conquistadores espanhóis, a um longo período de ditadura, a resistência ao terramoto e que ainda mantém alguma instabilidade pela presença do narcotráfico.
Entre isto tudo, o que tem de mais precioso este país são as pessoas. E eu, nem que a noite me caia em cima, estava a confirmar a cada passo.
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