Ao final de 100 dias de viagem já tenho outra cor. Não é só a cor estampada do sol no corpo, mas a cor do sorriso que renasceu com cada surpresa, cada novidade. É também a cor que os gestos ganharam em cada partilha numa nova terra, com um novo povo e antigas tradições. E, é a cor com que se acorda todos os dias para uma nova descoberta, um novo saber. A vida tem outra cor!
E a viagem torna-se viciante. Os problemas resolvem-se, as oportunidades surgem dos novos laços, as surpresas acontecem se deixarmos que aconteçam e o dinheiro também se ganha se for preciso. Nestes três meses concretizei um sonho, que parecia estar longe, que parecia difícil e perigoso. Ao final destes meses sinto-me mais inteira por ter tomado este passo…
E é também ao final deste tempo que perco todos os receios. Deste lado do mundo, a perspectiva sobre a vida é realmente diferente e por isso viajar enriquece-me dia após dia. É fácil viajar, encontrar uma mão amiga e até encontrar trabalho. Não me arrependo de todas as mudanças que realizei na minha vida. E todos os riscos corridos encheram-me a vida de acontecimentos mais ricos. Eles deram-me a oportunidade de conhecer novas pessoas, novos caminhos, novas experiências e aprendizagens. O futuro está nas mãos de Deus diz a velha sabedoria. E continuamos nós a julgar que temos o poder total sobre todas as coisas! Hoje não tenho receio de viver!
Aprendi nestes meses a ser mais independente, mais sensível, mais flexível. Aprendi a viver com muito pouco e, apesar disso, estou a sentir-me muito rica. Já dormi sobre as estrelas na praia, em quartos cómodos no meio da natureza, em quartos pequenos com mais amigos e em quartos barulhentos. Já me irritei dois dias, que não me valeu de nada. Já sorri muitas vezes, até chorar. Vivo com muita gente e comigo mesma. Não me sinto só.
Ao final destes meses estou calma e segura para continuar a aventura pelas Américas… E espero que a viagem me preencha muito mais!
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