A época de chuva começava na Costa Rica. Apesar do clima quente, as nuvens cobriam o céu e o pico do vulcão. Pela tarde, quase sempre pela mesma hora, aguaceiros tropicais desciam à terra e o cheiro a terra quente percorria La Fortuna por horas.
Naquela pequena vila La Fortuna tudo girava à volta do turismo. No centro da vila existia uma praça com jardins, a igreja e depois restaurantes e lojas de artesanato. Nas quadras mais próximas da praça existiam pensões, supermercados e bares. E por fim, nas quadras mais distantes começavam os bairros onde os ticos viviam. Casas com um ou dois andares divididas em pequenos apartamentos. Foi ali a alguns metros do centro que me alojei em casa de Miguel. Um jovem tico que trabalha numa zipline. E depois todos os seus amigos, incluindo Oscar, um colombiano com cerca de 57 anos que era o pai daqueles jovens e o barman do local onde trabalham. E nestes dias, também meu pai. Mimada todas as manhãs com ovos mexidos, arroz, platanos, panquecas, sumo e café. Passámos uns serões matinais na sala de sua casa conversando sobre viagens. Afortunada em La Fortuna.
O dia seguinte prometia ser uma aventura. Começavamos a caminhada para o Cerro Chato entre uma floresta tropical. O verde envolvia-nos e o caminho de terra guiáva-nos. Uma humidade neblosa a sobrevoar nas árvores e a terra enlameada. Chegávamos ao topo depois de algumas horas de caminhada. Uma cratera verde rodeada de vegetação que se abriu com o sol. Uns mergulhos na água fresca e algum tempo para riavivar as energias. Seguíamos por o lado oposto do vulcão e descíamos a montanha salteando os troncos das árvores. Chegávamos à base e continuávamos a caminhada por campos de cultivo e teríamos o privilégio de ver o topo do vulcão Arenal caso as nuvens não tivessem surgido de novo.
O vulcão arenal teve a sua primeira erupção em 1968. A sua primeira erupção foi de pirosplásticos e atingiu quilómetros de distância. A segunda erupção foi em 1983 abrindo uma nova cratera a cerca de 1000 metros. E por isso quando olhávamos o vulcão víamos dois picos. E também por isso observávamos um lado do vulcão negro com uma área vasta devastada pelas erupções e do outro lado uma vegetação tropical onde a vila de La Fortuna se encontra na base. E por esta bem-aventurança também o nome da vila. Circundávamos o vulcão para observar o lago Arenal. O pôr-do-sol estava a chegar e a as nuvens estavam a colorir-se de azul e laranja. Uma pausa para o sempre aclamado momento de observar o sol a descer lentamente sobre a montanha e metamorfoseando as cores do lago. Um momento anestesiante que nos dislumbra em qualquer parte do mundo.
A caminho de Arenal tínhamos o merecido descanso nas águas quentes de uma pequena cascata. E ainda com direito a uma pequena máscara facial de lama. Estes momentos lembravam-se os Açores, aquele pedaço de terra maravilhoso de Portugal. E que ainda guardo em mim como sendo a terra mais linda do mundo!
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