Deixo os Açores com a certeza de um regresso. Passei as Portas da Cidade e portanto tenho uma lenda a cumprir. Deixo a casa ao qual me senti criança, filha e amiga. E onde por vários dias me senti numas grandes férias de verão, como já não tinha desde os tempos da escola. E foi tudo tão bom…
Nestas férias deixei de querer ver tudo, visitar todos os museus, percorrer todos os locais descritos nos guias turísticos. Deixei de querer marcar hotéis com piscinas ou com vista para o mar. Deixei de querer fazer guias detalhados e procurar os melhores restaurantes. A partir dos 30 anos, mudei a minha forma de viajar.
Desta vez, deixei que todos os amigos açorianos me sugerissem ou me fizessem viver, sem pressas e sem marcações, todos os momentos. E não poderia ter sido melhor. Os pequenos almoços em casa da Dona Fátima, o tempo a ditar o programa do dia, a barriga a marcar a hora do almoço, a chuva nunca a ameaçar as saídas, a noite longa junto ao mar, o relaxar nas águas quentes e os mergulhos no oceano tépido. E ainda, as caminhadas entre os imensos verdes da ilha, a descida em cordas nas cascatas, os quilómetros nas estradas de hortênsias e o sabor do bife das vacas felizes. E mais ainda, as boas e longas conversas com todos aqueles que fizeram parte destes bons momentos.
Na verdade a verdadeira viagem só acontece quando estamos disponíveis para o imprevisto. É nessa entrega que os momentos de puro prazer podem acontecer. E a verdade é que realmente aconteceram…
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