Diários-México

Bacalar num veleiro

Junho 8, 2016

Nada mais esperava de Bacalar do que descansar  sobre a paisagem da lagoa das 7 cores. Encontraria de novo a Melanie, uma jovem argentina que conheci em Mérida, e deixaria o tempo passar com as horas, lentamente. Passaria os dias com um livro a tomar banhos de sol e a mergulhar como peixe. Não necessitava de melhor cocktail.

Aquele veleiro na doca olhava-me. Deixava-me inquieta e a leitura era interrompida apenas para mirar aquele veleiro branco ancorado. Dario chegava naqueles instantes à doca para preparar uma saída, pergunto-lhe: “Vai haver passeio?”, responde: “Sim, se queres, haverá passeio de veleiro”. Julguei que haveria um grupo programado apesar de o hostel estar quase vazio. E dali a uma hora, estávamos a largar a costa. Eu era a única turista e os seus amigos aproveitavam o fim-de-semana para visitar Bacalar. A visita pelo lagoa teria umas 3 horas, para mergulhar nos cenotes, passear pelas 7 cores da lagoa, navegar pelos canais mais apertados onde costumava haver piratas e aproveitar a proa do veleiro para sentir o vento no corpo.

Tudo seria um passeio tranquilo se Dario, Packo e a Silvana não levassem guacamole, nachos, tequila, cerveja, marijuana e música (não coloquem o peso negativo a estes elementos, todos os mexicanos que conheci fazem um consumo moderado dentro de todos os limites). Festa à boa maneira mexicana. Mergulhos na água e longas conversas. Fico a a saber que Packo é um viajante nato, agora mais preso à terra e ao trabalho. Fico a saber que Silvana é uma jovem mãe e que está envolvida num grande projeto que a levará de Tlajomulco para Bacalar brevemente. E nisto, Dario sempre atento à condução do veleiro levava-nos pelas águas que tanto conhece exibindo uma tranquilidade que só Bacalar lhe poderia dar.

Bacalar é apenas esta lagoa, uma cidade pequena, alguns projetos turísticos ecológicos a emergir, alguns hostéis com animação e um bar galeão com música reggae. Um lugar pequeno onde todos se conhecem. A tarde morre no horizonte e o veleiro ancora-se com a noite na Casa las tartugas. Uns tacos para jantar e um concerto de cavaquinho à volta da fogueira. A excursão teria terminado a meio da tarde mas a aventura continuava junto ao lago em longas conversas existenciais com as estrelas a iluminar toda a lagoa.

Com amigos a aproximarem num catamaran, a noite prometia ser longa. E foi. O concerto prolongou-se até tarde e dali todos seguiram pela lagoa para pernoitar numa das ilhas da lagoa. Uma noite no veleiro em plena lagoa. Que mais poderia pedir? Éramos para aí 20. À noite todos os gatos são pardos. Seríamos cerca de 20. Todos embarcaram numa noite iluminada num lago cintilante. Contaria-vos todas as histórias senão tivesse adormecido naquele paraíso lunar junto à proa do veleiro a mirar as estrelas. E assim como adormeci, acordei com o veleiro a rumar a terra nas serenas águas matinais. Um novo skiper a conduzir o veleiro e o sol a brindar o dia lentamente. O passeio terminaria com o pequeno almoço num parque de campismo noutro lado da lagoa e a tarde levaria-me para outras terras…

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