Diários - Belize

Caye Caulker no aparente paraíso do Belize

Julho 30, 2016

Depois de percorrer a Rivieira maia mexicana, grande parte à boleia com a Melanie (experiências fantásticas, não se assustem!). Atravessava a fronteira de Belize pela noite e acordava numa terra de negros a falar inglês. Entrava noutro país e tudo era diferente dos vizinhos mexicanos e guatemaltecos.

Às 7 da manhã a capital do Belize ainda dormia. As ruas sem gente, a casas de madeira com as janelas fechadas e uma leve brisa afugentava o pó da rua. Estava com a sensação de entrar numa cidade vazia e morta. Éramos quatro mochileiros, todos com mesmo destino: Caye Caulker. Uma das ilhas mais famosas entre mochileiros nas proximidades do Blue Hole. Com o Blue Hole no primeiro lugar das recomendações da Lonely Planet, do TripAdvisor e outros guias de viagem, parecia embarcar numa viagem a uma meca tropical!

Às portas da marina, alguns negros já se aproximavam. Todos com ar relaxado, alguns com rastas longas, os olhos meios avermelhados e alguns velhos de cabelos esbranquiçados a olhar a gente passar. Um ambiente estranho e os bancos sem multibancos a funcionar. Tudo a um ritmo lento e de poucas confianças. Eram 7 horas da manhã e acreditava que deveria ser apenas disso!

A viagem pelas águas do caribe afastavam todos os males e pisávamos o solo arenoso de Caye Caulker com a sensação de entrar em outro Belize. Os cartazes “Go slow” imponham outro ritmo à entrada na ilha. E ali estava o famoso Bob, exactamente como Bob Marley, rastas longas, boina colorida, corpo negro e um humor apurado pela marijuana. De bicicleta orientava um pouco os turistas meio perdidos e espantados que chegavam ao paraíso tropical beliziano.

Ruas arenosas no Belize

Ruas arenosas no Belize

Caye Caulker é uma ilha tropical de ruas arenosas, apenas com bicicletas e uns carros de golfe que vão servindo de táxi para todos os alojamentos locais. O sol raia cedo e a partir das 10:30 da manhã só se caminha debaixo da sombra das palmeiras. As casas de madeiras alinham-se na costa após a primeira linha de palmeiras. Todas pintadas de cores diferentes formam um arco-íris tropical. Não há praias de areais longos e espreguiçadeiras para os banhos de sol mas Caye Caulker não deixa de ser por isso um paraíso tropical. E é mesmo nesse hostel que me alojo, Tropical Oasis. Resgatada pelo um curioso casal numa dessas ruas arenosas e reggaeanas. Ela sueca genuína de pele branca e cabelos loiros vestindo um vestido tropical branco. Ele beliziano, de cabelos longos e entrançados, t-shirt sem mangas e cerveja na mão. Espelhavam o ambiente descontraído da ilha ao som do reggae, um rum na mão direita e um cigarro na mão esquerda. Desconectados dos ofícios do mundo e ligados ao prazeres mundanos.

Chegava em dia de festa de aniversário. E a celebração era simples, peixe fresco na brasa e umas cervejas frescas na mão. Música na aparelhagem antiga e conversa afiada pela noite adentro. A ilha oferecia apenas momentos de pura vida. Desfrutava do calor dentro de água no magnífico Split até o sol mergulhar na água. Comia peixe fresco na brasa e saboreava lentamente mirando o horizonte. Caminhava pelas ruas e dava conta que todos me conheciam e até me cumprimentavam. Deitava numa das redes sobre as palmeiras e perdia horas a fio a ler um livro.  Apreciava o pôr-do-sol entre viajantes e locais, onde também tantos casais se sentavam enamorados, a partir de um pontão de madeira mar adentro. Contava as estrelas a noite inteira.

belize2 caye caulker looking around

Em Caye Caulker pode-se estar dois dias ou uma vida. O oásis tropical estranha-se ou entranha-se. Ao segundo dia, jantava em casa de Amanda e do seu marido Sherie, beliziano, pescador e grande cozinheiro por sinal. Um ceviche de concha e um belo estufado de concha com leite de côco. Assim como apreciava o novo sabor que me entrava pelas papilas gustativas, também repentinamente vislumbrava o outro lado do paraíso. Típico de qualquer paraíso, o álcool e a droga tomava outras percurções.  Caye Caulker seria uma ilha de pescadores com um problema de alcóol mas nos últimos tempos, tornava-se numa ilha de álcool com um problema pescatório. Não há paraísos perfeitos! E aqui estava bem o exemplo deste ditado que as avózinhas nos rezam!

A estadia em Caye Caulker tornava-se nostálgica… Aqui não seria o meu paraíso!

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