Depois de sair do paraíso viajava por 10 horas num autocarro até à Cidade do Panamá. Às cinco da manhã Carlos abria-me a porta de casa. Estava em plena avenida Balboa, no 42º andar, com uma vista sublime sobre a cidade. Assim, começava a minha breve passagem pelo Panamá.
Conhecia Carlos desde os tempos de viagem na Guatemala. Travamos longas conversas sobre o mundo e a sua vida humanitária, à volta da fogueira na Isla Verde. No Panamá, com vista para o Pacifico com os arranha-ceús à esquerda e a velha cidade à direita, os diálogos prometiam ser longos. As pessoas não fazem as viagens, as viagens é que fazem as pessoas escrevia John Steinbeck. As suas palavras relembravam-me o quanto a viagem me acrescentava, os tantos encontros com pessoas apaixonadas, curiosas e criativas.
Aterrava na Cidade do Panamá e surpreendia-me com a cidade. Sentia de alguma maneira uma alegria contagiante de voltar a uma cidade moderna, ordenada e ornamentada. A primeira cidade organizada em toda a América Central. Começava a manhã a caminhar na avenida Balboa acompanhada dos corredores, ciclistas e turistas. Os arranha-céus impunham respeito e deslumbrava-me como se fosse uma menina a ver prédios altos pela primeira vez. Coisa estranha até porque nunca fui fã de grandes metrópoles.
Depois de percorrer a avenida, de entrar em um shopping segui pelo sol até à parte velha da cidade. Um velho casario colorido com ruas apertadas e grande parte das casas reabilitadas ou em reabilitação. Uma atmosfera agradável com bares, restaurantes, casas de artesanato, galerias de arte e guesthouses modernas com toque de contemporaniedade. Um agradável passeio que me recordava um pouco a velha e contemporânea Europa. Uma paragem na praça frente à igreja românica de San Francisco e dobrava a esquina na praça francesa cheia de esculturas e um obelisco. A catedral no centro do velho casario era o ponto de referência e o toque do sino inflamava a pitoresca cidade velha.
A cidade do Panamá, assim como Singapura, era uma cidade moderna com um toque cultural onde o mar referencia-a no mundo. Um ponto estratégico de negociações globais, milhares de barcos ancorados nos portos marcando passagem entre o Pacífico e o Atlântico. Uma cidade de estrangeiros a trabalhar para todos os cantos do mundo, uma base industrial com beneficios financeiros captando a atenção de todo o mundo.
As mudanças que surgiram na nova Cidade do Panamá são dramáticas e competem a uma demanda inesgotável, desde o ano de 1999 com a saída das tropas estado-unidenses e a obtenção da soberania total do país. A Cidade do Panamá se converteu num dos centros de concentração mundial de estrangeiros criando-se assim o segundo sonho americano no sul. Desde o ano de 2002 a 2005 entraram à cidade 25,000 canadenses, vivem 300,000 colombianos, a população imigrante cresce impressionantemente.
A cidade precisou expandir-se para os céus, obtendo assim a construção dos edifícios mais altos de América Latina. Igual que o crescente número de shoppings internacionais, de centros bancários e de férias. E nós últimos anos a cidade vem recebendo o apelido de “Dubai Latina” devido e seu notável crescimento.
Fonte: Wikipedia
Nesta breve passagem, vivi como uma rainha, num prédio alto com duas piscinas, ginásio e guarda 24 horas por dia, em plena avenida Balboa. A viagem oferecia-me momentos de luxo inesperados. Recordava os meus vários conselheiros, confirmava as suas frases, não é preciso ser rico para viajar. Mas a viagem oferecia-me momentos riquíssimos. Sem expectativas e sempre disponível para novas amizades, tudo pode acontecer na viagem.
Assim, terminava a minha passagem longes dos padrões da América Central. Nestes meses vivi momentos de pobreza e de riqueza. Conheci gente de todos os padrões sociais. Misturei-me mais com locais do que com viajantes. Tive momentos divinais com todos os que encontrei pelo caminho. Principalmente, nos momentos que fiz voluntariado. Nunca senti falta de segurança, nesta região que tanto julgam como sendo perigosa. E depois desta América Central? Que se inicie um novo capítulo. A caminho da América do Sul…
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