Em terra de vulcões, obrigatoriamente subiria a pelo menos um vulcão. Se assim não fosse, seria como ir a Roma e não ver o papa, o ditado é antigo. Depois, no calendário marcava a semana santa e lua cheia para quarta. E por último,um cartaz a anunciar o evento do mês: subida ao vulcão santa maria em noite de lua cheia. Não poderia deixar passar esta oportunidade. Inscrevi-me, sem olhar para o elevado grau de dificuldade e ignorando a minha falta de exercício físico nestes últimos meses.
Ponto de encontro: Xela. A cidade é pequena e eu chego com a noite depois de algumas horas em autocarros públicos. Chego com a Sílvia, uma jovem médica que conheci no autocarro e que me encaminhou ao local exacto onde pretendia chegar. A poucos metros da sua casa de família. Ás vezes, muitas vezes na verdade, há estes anjos no meu caminho que transformam a viagem muito mais simples. Sílvia regressava a Xela para celebrar a Páscoa e eu iria passar a noite de lua cheia no pico do vulcão.
Hora de encontro: 22 horas na Casa Argentina. Em plena noite de lua cheia, com os ponteiros acertados, ali estávamos todos. Um grupo de 15 pessoas de diferentes pontos do planeta, 3 guias, 2 polícias e 1 jovem guatamalteco. Tudo a posto para a subida ao Vulcão Santa Maria em plena noite de lua cheia. A emoção deixaria o sono de lado e a adrenalina já corria nos vasos dos corpo. Preparados para uma longa caminhada de 5 horas até ao topo do vulcão.
Santa Maria é um dos vulcõess mais altos da Guatemala tem 3772 metros de altitude e uma ascensão muito acentuada. Na Guatemala existem cerca de 33 vulcões, muitos dos quais ainda se encontram em actividade. Ali, ao lado do vulcão Santa Maria existe o pequeno vulcão Santiaguito que se encontra activo, ao qual tivemos o prazer de observar 4 erupções durante a manhã.
Hora de partida: A caminhada começava pela meia noite e em fila indiana seguimos no calço do vulcão, praticamente à luz da lua. José Artur, acompanhou-me quase toda a caminhada. Ele participa num dos projectos escolares que o grupo Quetzalttrekkers apoia na Guatemala. Ele tem 18 anos de idade que não se escondem na facilidade com que sobe ao vulcão. Um sorriso jovial e sempre animado para dar energia à caminhada. Ao longo da noite foram realizadas muitas paragens para algum descanso e alguns snacks. Umas outras tantas paragens foram precisas para ganhar coragem, suster o folego e encher as pernas de coragem. A pouco e pouco até ao pico.
Hora de pico: Eram 5 da manhã, as árvores começaram a ser raras, sinal que o cume estava por perto. O céu clareava e os últimos passos para o topo do vulcão enchem-se de energia revigorante. Finalmente o topo. Um horizonte de 3 cores. O cansaço descansava. O sono chegava. A excitação mantinha-se até ao amanhecer.
A lua cheia desfez-se e o sol ergueu-se. Os picos dos vulcões espreitavam por entre as nuvens. E o frio torna-se quente à medida que o sol subia no céu. Santiaguito explodiu 4 vezes fazendo exclamar o povo. Um grupo de guatemaltecos sentados na rocha oravam. Os montanhistas dormiam ao relento. E os mais corajosos aqueciam águas para os pequenos-almoços olhando o infinito cenário. Valeu todo o esforço. E de repente há algum que me inquieta o pensamento, recordo as palavras de Marco Polo:
Viajar serve para nos descobrirmos a nós próprios e à civilização a que pertencemos, através da descoberta dos outros e das civilizações a que pertencem. Só assim fazem sentido os oásis, os mares, os palácios de mármore e os mercados de seda, as mesquitas e as catedrais, as noite de lua cheia refletidas nas neves eternas, os desfiladeiros e as planícies, a que este planeta tem para nos mostrar
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[…] alguém que me pergunta de onde sou e para onde vou. Um dia foi a Sílvia, a jovem médica de Xela que me acompanhou até ao meu destino. Um outro dia foi o jovem casal polaco que seguia para o […]