A Sudoeste da ilha de São Miguel, a caminho de Mosteiros, há um lugar chamado Ginetes. O nome não inspira mas abaixo de um desfiladeiro encontra-se junto ao mar uma piscina natural chamada Ferraria. “Se fores para o Sudoeste da ilha, tens de ir ao pôr-do-sol!”, todos me dizem. Este é o lugar do pôr-do-sol.
De Ponta Delgada até Ferraria, curva contra curva, à direita hortênsias e à esquerda o infinito oceano atlântico, um sobe e desce entre estradas e ruas apertadas. E ora que de repente, em ziguezague desde o pico do moinho até ao mar, um grande declive de rocha vulcânica a deslizar na encosta, a paisagem como que a ficar cinzenta e bem lá no fundo um complexo termal, que parece quase como perdido no meio do oceano. Uma casa à moda antiga branca e cinzenta que convida a entrar. Um spa termal com grandes qualidades terapêuticas, que levaram esta área a tornar-se num local quase de culto.
Ferraria é uma zona de protecção da natureza, onde a erupção estromboliana lançou um cone de escórias e originou uma escoada de lava em direcção ao mar construindo neste lugar uma faiã lávica. Depois uma explosão freática criou um cone, encimada por uma cratera. Esta é uma cratera sem actividade, uma pseudocratera, e daí ser um local único, magnífico e de grande atração para biólogos.
Contudo, este lugar especial é mais comumente conhecido pela piscina natural. Por ali, as águas termais de origem vulcânica borbulham numa pequena piscina natural temperando-se com as ondas salgadas do oceano atlântico. As pessoas vão chegando ali sabendo das marés, porque nestas águas só se mergulha na altura certa, ora quando a maré está a bazar ora quando ela está a encher. E claro, quando as águas-vivas (alforrecas) não assustam os banhistas. Pé ante pé, com muito cuidado, a água quente faz com que quem entra na água diga “Aiii, que bom!” em vez do habitual “Ai, ai, que frio!”. E depois disso, olhar para os mergulhadores a entusiasmarem-se “Que peixões! Tantos!” – é que os peixes convivem entre os banhistas que flutuam nas águas.
E por ali se vai ficando, a mergulhar, a disfrutar a água quente e límpida, o sol e até o pouco vento é agradável. O sol vai descendo e com as horas vai mergulhando também ele no mar. O corpo boia na água e o sol alaranjado faz mesmo deste lugar, aquele lugar imperdível para ver o pôr-do-sol.
Quando ir
Para poder mergulhar na Ferraria convém escolher a hora certa. Nem quente demais nem fria demais. O ideal é verificar, antes da partida, a hora que a maré começa a baixar através da câmera da praia dos Mosteiros no website SpotAzores.
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