Partia para Ometepe em dia de festa. O presidente Ortega proclamava palavras de esperança na principal praça de Manágua para os milhões de pessoas que estariam presentes vindos de todos os cantos de Nicarágua. A caminho de Ometepe, via-se milhares de autocarros cheios e enfeitados de bandeiras dirigindo-se à capital. Quase não haveria autocarros públicos noutros sentidos e se não viajasse pela manhã, naquele dia não conseguiria chegar a Ometepe. Depois de alguns percalços pelo caminho chegaria ao cais de San Jorge animada para embarcar numa nova aventura.
A viagem de barco nas águas do lago Ometepe cortava as ondas, afugentava as aves e ao longe, lentamente começava-se a avistar a ilha e os picos dos vulcões. A partir daquele momento, os viajantes fixavam o olhar na ilha como hipnotizados pela magia. Ometepe seria um lugar mágico a descobrir os próximos dias.
Na manhã do dia seguinte saía de Zopilote com Camila, Mads e Christian. Três dinamarqueses em viagem que dariam-me o prazer de partilhar o dia a percorrer a ilha numa scotter. Não havia melhor forma de conhecer a ilha. A estrada levava-nos entre pequenas povoações, circundávamos o parque central percorriamos duas e três quadras, observavamos a igreja e daí seguíamos para a próxima vila. A linha costeira estava ao alcance do olhar entre os verdes montes e por vezes o caminho colocava-nos a par da praia. Entre caminhos de terra encontraríamos a cascata Ojos de Agua, onde faríamos uma pausa para uns mergulhos e uns banhos de sol. E daí o dia terminava no Zopilote numa festa da pizza. Pizzas cozinhadas com produtos da quinta num forno a lenha. Sentados no alpendre da quinta com luzes a dar cor e ambiente à noite de lua cheia. A noite convidava à festa e por entre os caminhos escuros rodeados de árvores chegaríamos a uma festa alternativa na eira na margem norte da quinta. Espectáculos de fogo e bebidas orgânicas acompanhados de diálogos excêntricos à volta da fogueira.
E depois de uma noite excêntrica, o dia seguinte seria de actividade. A caminhada ao vulcão Maderas começava às 7 horas da manhã e seriam cerca de 4 horas de subida até o topo do vulcão. Um trilho que iniciava entre as plantações de milho e feijão, entrava por uma floresta densa tropical e terminava numa lagoa escondida na neblina. Um trilho enlameado pela humidade típica da época das chuvas e muito própria da rainflorest. Uma beleza fascinante, mítica e embalada pelo som dos animais. Se subir é cansativo, descer não seria menos custoso. O trilho enlameado estava resvaloso, digno para uma boa queda. Passo a passo, de bastão na mão direita e olhar nos pés, pé ante pé até regressar à base. 7 horas de caminhada. 7 horas de desafio constante. Um descanso merecedor ao final do dia.
Ometepe era mais um tesouro escondido de Nicarágua. Uma ilha, dois vulcões e tanto a descobrir…
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