Açores, Diários-Açores

Ilhéu de Vila Franca do Campo, um dos lugares mais procurados em São Miguel

Novembro 17, 2015

A caminho do Nordeste da ilha, pela costa sul, há uma paragem obrigatória: Vila Franca do Campo. Todas as ruas vão dar ao mar e entre canadinhas (ruelas) o porto marítimo já se avista. Os barcos Cristo Rei, Leila Sofia, O meu ganha pão, encontram-se perfilados na orla do porto. No mar, os cardumes de atum já se foram e os pescadores encontram-se em terra.

Porto de Vila Franca do Campo

Porto de Vila Franca do Campo

Há, no entanto, um barco que parte de hora em hora, até um máximo de 400 pessoas por dia (por 5 euros ida/volta). Os últimos turistas do verão e alguns locais partem para o ilhéu, onde ainda vão apanhar banhos de sol e mergulhar nas águas cristalinas. O ilhéu é o vestígio de uma cratera secundária do vulcão inactivo da ilha. O rochedo semilunar forma uma baía, parece guardar a água onde os peixes se protegem da caça do alto-mar. Pode ver-se peixes foliões, congros e alguns carangueijos-ermitas que rodeiam o rochedo de basalto e tufo. O mar entra por ali entre algumas falhas (denomiadas pelos locais de golas) que circundam o rochedo e onde as marés avançam com calma. Este ilhéu tem tanto de magnífico como de místico.

Ilhéu de Vila Franca do Campo

Ilhéu de Vila Franca do Campo

O senhor António Furtado, vigilante florestal, benfiquista com muito orgulho, e com uma imensa vontade de partilhar algo mais aos turistas que vão passando por ali e que pouco ou nada sabem sobre este pequeno paraíso. Ele leva-nos numa expedição pelo ilhéu onde ninguém pode chegar e de onde capturamos as mais belas fotografias. Este ilhéu já foi pirateado em tempos e os seus vestígios de canhões e ancoras encontram-se nas profundezas deste mar, os seus espíritos permanecem naquela pequena florestação, onde ninguém quer entrar. Este ilhéu era um ponto de vigia à baleação e aqui os golfinhos eram capturados e transformados em matéria para aquecer as populações nos tempos de guerra em que o petróleo não chegava à ilha. Este ilhéu já teve uma imensidão de vinhas, as uvas eram apanhadas e levadas para terra em pequenas embarcações que atracavam naquela falha. O ilhéu já passou por várias mãos até que finalmente o governo regional salvaguardou este património transformando-o em reserva natural desde 1983. Neste ilhéu nidificam os cagarros que permanecem aqui no período de verão (estas aves já foram avistadas na América do Sul). E por ali fora… as histórias do senhor António multiplicavam-se. Nos dias de hoje, este ilhéu é um lugar de deleite para os turistas e locais. Por vezes, as míticas provas de salto da competição Red Bull junta aqui os mais brilhantes nadadores mundiais e a população admira os saltos com mais de 20 metros.

Penhasco dos saltos Red Bull.Viagem barco ao ilhéu.

Penhasco dos saltos Red Bull.Viagem barco ao ilhéu.

Em pleno outono, a agitação por aqui é apenas nas ondas. O último barco que sai ao final da tarde do ilhéu circunda o exterior do ilhéu, onde vimos mais de perto as suas grandes falhas e o penhasco onde se realizam os saltos. O mar azul profundo sacode, apesar das grandes ondas, os turistas para terra. Quem segue à direita chega a terra com vida mas com o corpo ensopado. Por hoje, o marinheiro termina a sua rota. “Mas amanhã há mais”, graceja.

Vista panorâmica para o ilhéu

Vista panorâmica para o ilhéu

Numa última volta pela vila, pausamos para as famosas e tradicionais queijadas da vila, procuramos os sinais do canhão que em tempos os nazis deixaram na fachada da igreja São Miguel Arcanjo e curvamos a capela onde o Infante de Sagres vislumbra o mar e o ilhéu. Por ali ficamos sentadas, com o Navegador, provavelmente tão fascinadas como os seus marinheiros quando descobriram os Açores.

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1 Comentário

  • Reply Gastronomia Açoriana em São Miguel, o que não pode deixar de provar! – Lookingaround Novembro 19, 2015 at 23:55

    […] Queijadinhas da Vila. A queijadinha da vila vende-se numa casa bem no centro de Vila Franca do Campo. É uma queijada muito pequena e não tão doce quanto parece! Onde comer: Em Vila Franca do Campo, comprar antes de embarcar para o ilhéu. […]

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