Puno em jeito de despedida do Perú. Como não gosto de despedida visitava Puno de fugida! Uma visita à excêntrica ilha de Uros. Sem surpresas e empatia, escapava para a Bolivia…
Depois de uma noite em viagem num autocarro chegava a Puno. A viagem estava a ser dolorosa pela perda da minha avó materna e por ter de deixar os amigos e a fantástica cidade de Cusco. Partir muitas vezes não é fácil mas o tempo empurrava-me mais a sul.
Seriam 7 horas da manhã em Puno. Ao fundo ficava o lago Titicaca, calmo, sem ondas nem vento. Este é o lago navegável mais alto do mundo. Estava a 3855 metros de altitude e por detrás do lago havia montanhas altas com neve. E das montanhas até ao lago os aglomerados desorganizados, confusos e empoeirados. Não havia nada de interessante a visitar Puno dizia-me Naya. E a verdade, é que assim que chegava a Puno o lago atraía-me e a cidade repudiava-me. Não entrei no coração da cidade. Não tinha ânimo para pernoitar neste lugar.
E por isso, dirigi-me ao porto e embarquei junto de um grupo de estudantes e professores para visitar a ilha de Uros. A lenda de Uros contava que as ilhas foram formadas para escapar da civilização inca. Sobre as águas do lago foram erigidas ilhas familiares com juncos em blocos sobreposto em camadas e presos com amarras. Depois de atravessar um pântano chegávamos às ilhas onde famílias estavam aguardar a visita de turistas. Palhotas familiares humildes, escola, restaurantes. O ambiente era excêntrico e para conhecer melhor as ilhas, os locais leváva-nos numa embarcação rudimentar feita de palha que parecia digna de contos de fantasia.
Viviam neste ilha e poderiam sobreviver da pesca e da caça de aves. Contudo, seria o turismo o grande rendimento destes habitantes. Assim, que chegávamos a uma das ilhas e após uma breve explicação do lugar o tempo era para compra de artesanato e comida nos pequenos restaurantes.
Uros valeu a pena pela sua excentricidade mas não era o Lago Titicaca que eu aguardava… Mas a simpatia e a amizade com o professor líder do grupo de estudo era comovedora. Cada gesto delicado com aquela população, cada diálogo que travamos durante a viagem tornou aquele dia maravilhoso. Seguia ao final do dia, em harmonia com este país que me acolheu calorosamente.
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