Diários-México

Melanie, companheira de viagem

Junho 14, 2016

A viagem é breve, tem dois tempos, um para chegar e outro para partir. E é nestes instantes que os viajantes se cruzam, no mesmo sentido ou sentidos opostos. Melanie, é uma jovem argentina, cabelos louros de olhos azuis, um sorriso que desarma qualquer um, pequenina de tamanho e de idade mas grande de uma grande sensibilidade para criar laços com todos à sua passagem. Deixou a sua casa na Argentina com algumas poupanças no bolso e um sonho louco de viajar, assim como grande parte dos viajantes argentinos. Encontrei-a em Mérida num encontro de amigos numa das conhecidas “cantinas” de Mérida. Ambas estávamos alojadas numa casa de amigos do couchsurfing e é nesta rede que novos amigos se cruzam. Foi assim, simples. E no dia seguinte, depois de uma noite de salsa, seguíamos para Hómun para conhecer os primeiros cenotes no México. Nunca julgávamos que nos iríamos encontrar mais tarde noutra parte do México. Numa noite, a ver fotos nas redes sociais apercebemos que estaríamos perto e marcámos encontro na Riviera Maia, numa pequena povoação chamada Bacalar. Viajámos desde Bacalar até Playa del Carmen durante duas semanas, alojadas em outros membros do couchsurfing e à boleia de mexicanos. Complementávamo-nos. Ela de uma alegria contagiante, espotânea. Eu calma, segura e ponderada. Ambas aventureiras à sua medida. Extrapolávamos todas as medidas porque estávamos juntas. Fizemos mais de 300km à boleia, desde Bacalar até Playa del Carmen, parando alguns dias em Mahahual e Tulum. Não tinhamos receio de ficar em casa de desconhecidos. Juntas fizemos muitos amigos e divertimo-nos como nunca. E ambas enamoramo-nos pela viagem. A alegria era contagiante e talvez por isso a vida parecia estar a ser muito generosa connosco. Até ao momento de partir. A viagem seguia e os nossos caminhos já não seriam os mesmos. Despedimo-nos com abraços longos, com saudades imediatas das longas partilhas nas noites de luar. Despedíamo-nos como se fossemos irmãs. Sentia-me de repente a sua irmã mais velha, a dar-lhe conselhos e a animar-lhe para a sua viagem a Cuba. Invejava-lhe aquela alegria contagiante, a energia para todas as aventuras, o sorriso e a forma como arriscava sem medo. Invejava-lhe a idade pensando: “devia ter viajado mais quando tinha 20 anos”.

Depois de Melanie partir, de repente sentia um vazio, a falta do seu companheirismo na viagem. Despedi-me também da Leila e da Liliana, que me visitaram durante uma semana. Despedi-me do Carlos, o nosso amigo mexicano que nos alojou nos últimos dias de viagem em Playa del Carmen. E por último, do Marcelo, mais um amigo argentino que enamorava-me dia após dia. A viagem seria difícil depois de tantas depedidas…

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1 Comentário

  • Reply Soluções para viajar: Couchsurfing – Lookingaround Maio 19, 2017 at 21:47

    […] a Melanie e com ela viajei por mais de duas semanas pelo México. Ela que foi uma minha melhor companheira de viagem. Com ela, andei à boleia pelo México e conheci tantos outros […]

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