Muda a hora. Mudam os dias. Mudam-se as estações. E o Porto vive em constante mudança, tomando sempre novas cores. O Outono pinta a cidade de amarelo, laranja e vermelho. As árvores vão deixando cair as suas folhagens e a calçada fica coberta de folhas secas que estalam com as pessoas que passam. Nas esquinas, o fumo e o cheiro da castanha assada. O sol despede-se dia após dia até que a hora muda.
O Outono convida a caminhar na cidade entre as cores da estação. Desde os jardins do centro da cidade até à praia. Aproveito os últimos raios de sol. Antes que mude a hora e os dias se tornem pequenos.
Na Rua Miguel Bombarda começo o dia num pequeno almoço na Rota do Chá. No jardim oriental desta casa portuguesa, os bolos caseiros, os chás com aromas de todo o mundo e os scones acompanhados de compota, são para ser saboreados com tempo. Dou tempo ao prazer. Quem passa na rua não imagina que se encontra aqui este ambiente de conforto e magia. Neste espaço a cor rosa enche a casa de calor, as pessoas convivem tranquilamente nos sofás coloridos, onde o cheiro a bolos e a chá acolhem os visitantes em harmonia. Começo o dia zen.
A rua Miguel Bombarda, é conhecida pela vida artística. Por ali encontram-se galerias de arte contemporânea, lojas alternativas de moda, decoração, design, livros e música. Por vezes, aos sábados ocorrem inaugurações simultâneas de exposições, com animações de rua e renovações de colecções nas lojas. Nesses dias a rua ganha uma vida especial com as multidões que vagueiam ao som da música. Os amigos juntam-se nas lojas para ver as novidades acompanhadas de bebidas e música preparadas a preceito para o evento.
A rua estende-se até ao Palácio de Cristal. Entro pelos jardins românticos do palácio, parando aqui e acolá para olhar o rio e ler nos bancos de jardim. As leituras são tão prazerosas quando o ambiente dá espaço para a imaginação. Na avenida das tílias os pavões e pequenos pássaros vagueiam pelas horas. Será que também a hora muda para eles? Será que a hora que dou à leitura parará o tempo? Por momentos o tempo parou.
O roteiro continua à esquerda do Palácio de Cristal pelos caminhos do romântico. Em ruas estreitas julgo entrar numa aldeia. As contradições na cidade. O Porto de oitocentos, romântico e burguês, rural e industrial. Passeio entre as pequenas casas com hortas e os gatos a pular entre varandas. Sigo em curva contra curva até à alameda basílio teles, onde se encontra o Museu do Carro Elétrico.
Depois de uma visita, sigo no Elétrico da linha 1 até à Foz. As cores amarelas e alaranjadas que o sol ainda nos brinda, convida os pescadores a sentar junto à Ponte Arrábida. A última paragem deixa-me no Passeio Alegre.
Na avenida deste jardim, as famílias passeiam com as crianças e os animais de estimação. Junto ao farol os pescadores ainda pescam para o almoço. O cheiro a castanha assada corre a avenida. E dali chega-se à praia. As jovens aproveitam os últimos raios de sol para bronzear. Os turistas atestam a água fria do mar. E eu paro o tempo junto ao mar para guardar os últimos momentos de outono. Isto porque, a hora muda e os dias mudam com ela.
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[…] Que a hora muda […]
[…] a pedalar e a seguir a foz do rio, as curvas levam-me até ao Passeio Alegre. Um jardim romântico, ideal para passeios em família, onde os bancos vermelhos convidam a […]