Diários - Alemanha

Nuremberg, a capital da Baviera que coleciona histórias

Fevereiro 11, 2018

Nuremberg é uma cidade de histórias, tenebrosas mas também de uma fantasia singular. Nuremberg é uma cidade para conhecer mesmo que desconheças as razões. O início de uma grande descoberta começa assim…

Viajava para Nuremberg para me deixar surpreender pelo olhar de Gabriel. Depois de conhecer Gabriel no Porto e de ver os seus olhos a brilhar com Nuremberg não poderia deixar de sentir curiosidade. No seu passaporte: Panamá. Na sua pele: Latino. No coração: Alemanha, mesmo antes de chegar aqui e sem qualquer antecedente no seu DNA. Somos donde nascemos ou donde sentimos pertencer?

Domingo é dia de descanso, de passeio e de família. À parte, as convicções de cada um, partimos para o sul da Alemanha para visitar o castelo Neuschwanstein.

A neve a cobrir o caminho, as montanhas a crescerem em brancura e um castelo meio cálido a circunscrever-se no alto da estrada. Chegávamos a Neuschwanstein. Depois de um pequeno trilho escorregadio chegamos entre turistas à mais bela vista sobre o majestoso castelo.

Luís II da Baviera (séc. XIX) foi o grande empreendedor deste castelo mas a sua inspiração deveu-se ao seu amigo e protegido compositor Richard Wagner. Construído décadas depois do Palácio da Pena, em Sintra, não deixa de ser um dos mais belos e marcantes ícones do romantismo na Europa no século XIX. E, é tão belo que inspirou o Walt Disney a escrever as famosas histórias da Bela Adormecida e da Cinderela.

A imagem sobre o castelo de Neuschwanstein transcendia-nos até ao mundo dos contos de fadas. E a neve fofa seria o cenário perfeito para a história.

No regresso a Nuremberg, entre caminhos de neves e brincadeiras de meninos com bonecos de neve, haveria ainda tempo para um cappucino quente em Munique e um deslumbramento de criança com a neve.

Olhar o céu e sentir a neve a cair no rosto. Abrir a boca e tentar adivinhar o sabor da neve fofa. Deixar que o corpo sinta a neve até despertar com frio e entrar num café quente. É tão bom ser criança!

Voltaríamos a casa num ápice. Numa estrada sem limites, até os carros parecem aviões! E acordaríamos numa segunda-feira solarenga para calcorrear as ruas de Nuremberg.

Nuremberg foi e é uma cidade estratégica na Alemanha. Situada na região central da Alemanha, foi umas cidades mais importantes cidades da Idade Média e é hoje a capital da Baviera. E se a história nos lembra que Nuremberg foi o centro de muitos comícios do Partido Nazi, também nos lembra como sendo o local escolhido para os Julgamentos de Crime de Guerra após a Segunda Guerra Mundial.

E se por um lado a história tenebrosa da Segunda Guerra Mundial assombra a cidade, por outro lado, respira-se uma tranquilidade soberana.

Dentro das muralhas do castelo os belos telhados medievais parecem casas de bonecas, as pontes de madeira levam-nos até à Idade Média e a praça de Hauptmarkt faz-nos acreditar que a magia pode acontecer ao rodar três vezes o anel da fonte Schöner Brunnen. E se a frieza do povo alemão se deve ao frio, o sol abre-lhe um sorriso sincero nos lábios. E se têm semblantes de poucos amigos, os poucos amigos que têm são verdadeiros no sentido pleno da palavra. O povo alemão tem esta capacidade de me deixar na boca o paladar de uma doce laranja amarga. Falta-lhes calor nas expressões, mas depois de a lareira acender os sentimentos acendem num rastilho rápido. E nisto, deixo-me levar no pensamento da viagem à Idade Média e à viagem a um tempo onde a existência de Hitler não esteja escrita. Como seria este povo? Como seria esta nossa Europa?

 

Nuremberg brindava-me com um céu limpo e um sol radiante, na área de WeiBgerbergasse as casas coloridas tornavam a cidade alegre e os sorrisos de quem passava na rua, ou de quem me abria a porta do café era a Alemanha que eu desejava conhecer.

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