Viajar é sempre uma descoberta para isso é preciso abrir um sorriso e deixar que as pessoas venham ao nosso encontro. Simples. Guardo momentos da Guatemala e sigo a caminho do México. E que feliz encontro tenho pelo caminho.
Faço de novo as malas. Guardo todas as receitas que aprendi na Isla Verde com as meninas da cozinha, visto a camisola que comprei no mercado tradicional e despeço-me do lago. Depois faço um compasso de espera em Panajachel, onde guardo todas as dicas da Nina (espanhola/brazileira) para o México, país que anda a explorar há mais de ano para iniciar um desafiante projeto de aventura e os contactos de Cuba da Sílvia, país onde estudou 7 anos. Por último, guardo o mapa da numerologia que o Marcelo me escreveu e agradeço todos os momentos que me ofereceu, como só um amigo de longa data oferece.
Entro num carro de 9 lugares. No carro segue comigo quatro franceses e um casal que poderiam ser meus pais. Marina é espanhola mas vive parte do ano com o seu marido mexicano em San Cristobal de las Casas. Ela acompanha-me na viagem como mãe, conta-me todos os seus projetos, sonhos, desafios e aventuras boas e más.
Ao final de 3 horas chegamos à fronteira. O carro pára, todos passam em fila para mais uma estampa naquele documento oficial que mais apreciamos. Afinal, este é o único documento que conta as nossas aventuras. Ao final do mês, a viagem já me deve ter feito tão bem, que o homem que me carimba o passaporte me dirige a palavra: “Portuguesa? Que guapa!”
Um piropo nestas alturas sabe sempre bem. Saio de sorriso nos lábios e mesmo a descer a rua vejo duas crianças de bicicletas, artilhadas de malas, bagagens e peluches. No calor tórrido que acompanha o dia, boquiaberta pergunto aos seus cabelos loiros e à pele queimada pelo sol: “De onde são?” Respondem-me “Portugal” Mudo o meu espanhol para inglês e pergunto de novo: “De onde são?” respondem “Portugal”. Aqueles cabelos, aquela cor de pele, aquela coragem não me deixavam acreditar. Naquele momento, os pais aproximam-se. João, tem todo o ar de português. Valérie exibe um ar angelical de voz terna e segura. Eu e outros viajantes aproximámo-nos pra ouvir por instantes momentos a história de uma família que viaja desde o Brazil até ao México, há cerca de um ano e meio.
Feliz com a minha viagem mas curiosa, invejosa da odisseia da família Fonseca. Afinal há portugueses corajosos. E a coincidência deste momento deixa-me ainda mais corajosa para a minha viagem.
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