A passagem por Cuba é também uma viagem aos lugares da revolução. Cuba ainda vive na história da revolução e Che Guevara apesar de ser argentino, deveria ser cubano. E é em Santa Clara que descansa. Depois da sua morte na Bolívia, Fidel Castro trouxe o seu corpo para a terra que marcou o ponto de viragem da revolução.
Seria numa madrugada de 1958 que Batista faria levar de Havana a Santiago de Cuba um enorme carregamento de armas para dar mais forças às batalhas que aí decorriam. As informações chegaram a Che e o ataque ao comboio blindado seria o auge da guerrilha. A emboscada do dia 29 Dezembro aniquilou o poder de Batista permitindo Fidel Castro chegar ao poder no dia 1 de janeiro de 1959. Nos dias de hoje, os vagões do comboio são museus onde se poderá ver armas e fotografias do dia glorioso.
Atravessando a linha do comboio que ainda permanece activa chegamos a uma nova estátua de Che. Carregando a colo uma criança marcando a educação de um povo como princípio fundamental para o desenvolvimento num país. O socialismo cubano é significado de uma educação exemplar e gratuita. O país é conhecido internacionalmente em diversas áreas de educação. E muitos estrangeiros recorrem a este país para desenvolver os seus conhecimentos ou para recorrer a serviços de elevada qualidade. No entanto, neste mesmo país, pode-se encontrar muitos professores, engenheiros ou até profissionais da saúde a exercer profissões básicas como marceneiros, vendedores de jornais na esquina ou guias turísticos. O trabalho independente oferece outros rendimentos que o serviço público não lhes confere.
Seguímos pela rua da independência parando num café-museu do senhor Mariano Gil de Vena. Há 20 anos que permanece em Cuba, o que seria uma viagem de 2 semanas transformaram-se numa vida. Nestes anos, a sua coleção de fotografias, cartas e outros objetos tomaram vida num café-museu. Uma colecção de fotografias originais dos vagões atingidos, cartas de Fidel Castro e fotografias da Marie, personagem também importante na vila de Santa Clara.
Depois de percorrer os murais de grafitis da cidade. Uma marca mais revolucionária recente do povo cubano, chegamos ao lado oeste da cidade para encontrar o marco mais importante de visita a Santa Clara. Numa enorme praça onde o sol brilhar e queima o corpo a estátua de Che é imponente e as palavras da carta de Fidel Castro dedicadas a Che talhadas nos murais são comoventes. É impossível passar por ali e não sentir a comoção da força deste guerrilheiro. Ele que foi médico que viajou por toda a América Sul e Central e que: “estaba en aquelles momentos en Guatemala, la Guatelemala de Arbenz… Entonces de di cuenta de una cosa fundamental, para ser médico revolucionario o para ser revolucionario, lo primero que hay que tener es revolución”. No museu, não se pode fotografar e nem carregar a câmera na bolsa. Mas todos os objectos, desde os utensílios médicos, armas, cartas, boinas, fardas de militar e fotografias com as várias personagens da guerra marcam uma visita profunda e que deixa marcas pelas palavras das cartas espalhadas pelas salas. O seu corpo permanece aqui, ao lado do masoléu onde tantos outros militantes se juntam.
Santa Clara é de Che Guevara e por vezes na rua ainda se encontram amigos guerrilheiros que fizeram parte da sua história. Pelas ruas de Santa Clara é marcada também pela vida estudantil. Os jovens que hoje exigem mais liberdade de expressão e que desejam uma mudança para o país. Mais liberdade!
Cuba é esta viagem ao passado histórico e revolucionário, terrificamente complexo. Com passos lentos de mudança e um futuro que ninguém consegue adivinhar…
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