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Soluções para viajar: Couchsurfing

Maio 8, 2017

Vivemos na era tecnológica onde a internet permite-nos abrir o mundo através de novas portas. Viajar nunca foi tão fácil! A saudade não causa lágrimas porque existe o Skype, o Whatapp, ou o Viber. Encontrar alojamento está ao alcance de um clique no Airbnb, no Booking.com ou no HostelWorld. A internet revolucionou as viagens. Para além das plataformas de alojamento e redes de comunicação, a criatividade foi mais além. Há plataformas para encontrar alojamento gratuito de diversas formas. Alojamento totalmente gratuito na base da partilhas de novas culturas, em troca de trabalho, em troca de cuidar dos animais de estimação ou, até mesmo por troca de casa. A minha experiência de mochileira na América Latina foi realmente extraordinária e muito se deveu ao Workaway e ao Couchsurfing!

O Couchsurfing é uma plataforma para viajantes que gostam de conhecer os lugares através das pessoais que vivem e gostam de partilhar a região onde vivem! Na plataforma criei um perfil de viajante, onde conto um pouco acerca de mim, os meus interesses, as minhas preferências literárias, os países que já visitei, entre outras coisas. No início, tinha muitas dúvidas acerca da credibilidade e segurança e por isso resolvi testá-la na minha cidade antes de começar a viajar através dela.

Experiência como Couch

E assim foi, em 2015 comecei a receber viajantes de todo o mundo e a experiência foi fantástica. Recebi o Aaraon que me trouxe um livro e uns doces de natal de Inglaterra. Recebi o jovem australiano Ciaran que viajava há mais de 2 anos sozinho trazendo na bagagem histórias mirabolantes. Recebi o Jeffrey e a Marii que terminavam a sua odisseia de 9 meses na Ásia. Acolhi o Thorsten, um alemão com mais de 40 anos que viajava com uma cadela lavradora à boleia pelos países do sul da Europa para fazer um retrato da crise económica. O Riccardo metade brasileiro, metade italiano, chefe de cozinha trouxe a minha casa uns truques italianos. A Cynthia que se apaixonou pelo Porto e ficou por mais de um mês na minha invicta e que partilhou as aventuras do meu grupo de amigos. A Rocio, uma jovem argentina, tradutora e nómada digital com um sorriso genuíno próprio do povo argentino. A Capucine, uma francesa que viajou comigo pelo norte de Portugal e que ainda partilhamos uma paixão pela América Latina. A Catherine da nossa antípoda Nova Zelândia. Foram vários os viajantes que me trouxeram a casa um pouco do mundo e que me fizeram sonhar cada vez mais com a minha viagem! Esta, é também, uma forma de viajar sem sair de casa!

Pelo Porto com amigos e as couchsurfers Cynthia e Rocio

A plataforma funciona na base da generosidade. Quando abro a porta, os viajantes esperam um pedacinho de chão para poderem descansar durante a noite. Nada mais! É claro, que há regras em casa e por isso dou-lhe as indicações assim que chegam a casa! Partilham momentos da suas viagens, partilho um pouco da minha cidade. Não é apenas abrir a porta de casa para terem um lugar para dormir, para isso, não aceito o pedido e digo-lhes para procurarem um hostel! Se não tiver disponibilidade também não os recebo. O Couchsurfing só faz sentido pela partilha de culturas e experiências!

Não tenho nenhuma experiência negativa porque seleciono as pessoas pelas suas referências e pela empatia que recolho na mensagem que me enviam! A maioria das vezes entreguei as chaves da minha casa e nunca tive um furto! Aliás a generosidade dos viajantes é incrível! Muitos trazem-me presentes do seu país, partilham os seus dotes culinários ou oferecem-me um presente no final da sua estadia! Senti-me enriquecida com as partilhas que tive em minha casa e isso fez com que utilizasse muitas vezes o Couchsurfing durante a minha viagem na América Latina!

 

Experiência como Surfer

E assim foi, embarquei para a Guatemala. Cheguei de madrugada e foi a Pamela que me abriu a porta de sua casa às três da manhã numa zona luxuosa da Cidade da Guatemala. Foi ela que me mostrou a Cidade da Guatemala e me levou a passear a Antígua. Conheci áreas da cidade que o turista não visita, fiquei amiga dos seus amigos e ainda hoje mantemos uma amizade.

A primeira couchsurfer na Guatemala

Em Antígua conheci o Willy que me mostrou a cidade e me levou a dançar salsa. Hoje mantemos uma amizade genuína e uma parceria no meu novo projeto da The Wanderlust.

No México, tive uma das minhas melhores experiências e que deu sentido à minha viagem através do Couchsurfing. Jorge recebeu-me na cidade de Mérida. Ele foi-me buscar de carro à estação de camionagem por volta das cinco e meia da manhã, ofereceu-me estadia num anexo na casa da avó com acesso a uma piscina privada e levou-me a vários lugares em Mérida, inclusive uma festa de aniversário de uma amiga. Através dele, numa noite de convívio do Couchsurfing conheci a Melanie e com ela viajei por mais de duas semanas pelo México. Ela que foi uma minha melhor companheira de viagem. Com ela, andei à boleia pelo México e conheci tantos outros couchsurfers.

Companheira de viagem

Na minha lista magnífica de anfitriões conto também a experiência em Puerto Colombia, na Colômbia, com a família da mamã Liliana. Um casal por volta dos 50 anos que abre a sua casa a viajantes de uma forma como nunca tinha assistido! Na noite que Liliana me recebeu também alojaram um argentino através do Couchsurfing, dois viajantes a pedal através do HarmShowers, dois hóspedes através do Airbnb. Na sua casa habitava a sua família com três membros e dois estudantes universitários. Todos na mesma casa, na mesma noite, partilhando à mesa uma refeição gratuita. A generosidade e a alegria de Liliana é impressionante! E as suas histórias são extraordinárias! Fui recebida pelo seu marido com uma t-shirt do Futebol Clube do Porto! A empatia criou-se mesmo antes de chegar a sua casa!

Em Puerto Colombia com a família Riveros

Em Ica, o Artur, pai de família, foi me buscar de mota à estação e abriu-me a sua casa com um jantar francês realizado pela Marion. Marion realizava um intercâmbio com uma organização sem fins lucrativos em Ica. Cheguei até Artur através de um amigo polaco que me dizia que conhecia uma família em Ica que adorava receber visitantes! Era verdade. Artur adorava receber viajantes, ouvir as suas histórias, partilhar as suas viagens e conhecer um pouco da gastronomia e cultura dos outros países. Saí de sua casa com as seguintes palavras: “Volta sempre que quiseres, a minha casa estará sempre aberta! Estiveste cá pouco tempo! E se conheceres alguém pelo caminho podes dar o nosso contacto!”.

Em Lima, com a família de Carolina fiquei completamente sem palavras quanto à sua generosidade. Numa casa muito simples, a sua família recebeu-me como se fosse uma filha. O seu trabalho árduo na rotina dos dias era impressionante, com eles partilhei do seu sofrimento perante a adversidade dos dias. Num bairro fora do centro turístico, conheci uma Lima completamente diferente! Saí de Lima com um sentimento de uma dívida enorme!

Em Lima com a família de Carolina

Muitos pensam que o Couchsurfing é uma plataforma de encontros amorosos. Sim, pode ser! Depende como procuras o anfitrião para a tua experiência e do teu comportamento perante a situação. E talvez por isso, nunca me tenha acontecido uma experiência negativa. Mas conto-te também, já me aproximei sentimentalmente de pessoas que conheci no Couchsurfing. Tudo o que vivi, aconteceu porque deixei e desejei que acontecessem! A decisão foi minha. Não utilizei a plataforma com este fim mas as ocasiões proporcionam uma aproximação diferente. Esta é a minha experiência, acredito que muita gente utilize o Couchsurfing para encontrar paixões e por isso há que ter sempre algum cuidado e avaliar os interesses pessoais. Muitas vezes, é bem perceptível nos seus perfis! Durante as minhas pesquisas encontrei pessoas que diziam que só tinham um quarto e que partilhavam a cama, que dormiam nus, entre outras tantas situações…

Independentemente do objetivo fantástico do Couchsurfing, na plataforma vai sempre haver gente bem intencionada e com outras intenções. Planeia a tua viagem com tempo, pesquisa bem os couchsurfers e não te limites a enviar mensagens só para poupar uns trocos, partilha a tua viagem e guarda sempre algum tempo para conviver com o teu couchsurfer. Só assim, é que faz sentido viajar com o Couchsurfing! E desta forma, tens o sucesso garantido para ser acolhido por um bom anfitrião e teres uma experiência genuína com as pessoas locais!

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1 Comentário

  • Reply Soluções para viajar: Redes de amigos – Lookingaround Maio 20, 2017 at 16:09

    […] viajante viajei numa tentativa de aproximação à cultura local. E por isso, tanto o Couchsurfing como o Workaway foram plataformas informáticas que me permitiram rapidamente encontrar novos […]

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