Numa cidade artística, a arte cruza-se na esquina. Entrei pelo velho prédio no centro da cidade, em Oude Pijp, e como quase todos os prédios as escadas seguem-se numa inclinação acentuada e com espaço para colocar um pé de cada vez. Richard abriu a porta com um abraço e seguimos por um corredor apertado que dava para uma sala luminosa com arte reciclada no chão e nas paredes. Na sala e no atelier que se expande da sala até às janelas viradas para a rua, as obras estão espalhas ordeiramente. Fotografias a preto e branco de uma vivência intimista com a cidade. Retratos em lápis em telas com expressão plástica. Um piano e uma guitarra a aconchegar as ideias. Cadeiras cuidadosamente recicladas com jornais vindos de todo o mundo. A criatividade vem daqui e dali com os amigos que vai recebendo de todo o mundo. Um artista mede-se pela forma como abre a porta aos visitantes e pela curiosidade que se convida à mesa. Richard colocou à mesa uma sopa e uma sandes de queijo bem ao jeito dos almoços dos holandeses. Não tem pressa porque arte tem de esperar pela criatividade, seja lá a hora é que ela vier. O almoço prolongou-se pela arte das paredes até aos pés das cadeiras. Contou-me que a cidade tem tanto de artistas como de curiosos e estudiosos de arte. As pessoas de Amesterdão procuram arte, visitam e revisitam e só assim é que a cidade sustenta tanta expressão. Pequenas galerias multiplicam-se como cogumelos quase por todas as ruas do centro histórico. E também por elas muitas vezes se vê jovens em plena criatividade. Contou-me da sua criatividade que quase sem palavras já a sala contava tudo. Fotografei o espaço na memória e saboreei com tempo a luminosidade do espaço enquanto o vizinho lavava a loiça na janela do prédio ao lado. Recolhi imagens como querendo trazer parte da criatividade no bolso. Despedi-me com um sorriso e um breve adeus de viajante.
Conhecer o artista
Richard Albert Broeksema
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